sexta-feira, 1 de maio de 2009

Une soirée avec Benoit Peeters - 1




O anoitecer de ontem foi muito especial,porque a Mediateca da Maison de France aqui do Rio, como parte das comemorações do ano da França no Brasil, trouxe o roteirista e estudioso francês Benoit Peeters pra dar uma palestra,dentro de um ciclo de encontros culturais e sobre todas as mídias. Fui convidado pra ser o interlocutor brasileiro do bacana, seu companheiro de mesa. Peeters est un vrai gentilhomme, de modo que foi bem agradável e fácil de fazer. Além de ter uma carreira das mais interessantes e ricas das hqs francesas, ele tem toda uma reflexão crítica sobre hqs e sobre narração em geral, que já empreendeu de diversas formas, do romance ao filme (com ninguém menos que Raoul Ruiz!). Eu não sabia, mas ele já fez até fotonovela, embora sem nada do ranço romanticóide que a memória dessa forma de expressão tem, em nosso país. A fotonovela dele é surrealista e tem posfácio do Derrida. Só graças a isso o editor topou fazer (assim os compradores notariam que se trata também de um livro com narração, além de uma coleção de fotos...) Aqui entre nós, como na maioria dos lugares onde se conhece seu nome,é a série de hqs (e que tremendas hqs!!) das Cidades Obscuras, realizada em parceria com um titã do desenho,o belga François Schuiten, que se conhece mais. As peças ilustrando o post de hoje são páginas de "A Torre" , um dos álbuns mais belos da série. Desde o primeiro, "As Muralhas de Samaris" , até o mais recente, num total de dezesseis livros, entre hqs e livros ilustrados de diferentes modos, ele e Schuiten realizaram tremenda saga multimídia já clássica, hoje. Os livros são feitos com cuidados formais inéditos, e muita vontade de testar os limites do brinquedo em jogo,principalmente dos quadrinhos; procurando o que só pode ser realizado como tal, a partir de um princípio que lhe é muito caro, e a mim também , o da colaboração...Bem! Isso foi só pra abrir, o material que saiu desse encontro é vasto! Escolhi essas pgs para começar a amostra do trabalho conjunto dos dois, que vou dar esses dias, em função de que a cada livro o estilo do desenho muda, o protagonista muda, o clima da história muda, tudo baseado nesse diálogo entre técnicas distintas de desenho e de narração... Bem, continua amanhã, quando falamos da atitude que ele acha que uma pessoa de texto deve ter, com relação a quem desenha...

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