terça-feira, 5 de maio de 2009

Une Soirée avec Benoit Peeters- 3






Bem! O post anterior foi um pouquinho incompleto, pois não pude detalhar que o Frédéric Boilet , o segundo desenhista a colaborar com Peeters, faz é um tipo de manga...Claro que leitores do "Espinafre de Yukiko" sabem que se trata de manga, um manga escrito de modo despretensioso mas nem assim menos sincero com relação à vida do desenhista...regido pela concisão do traço! Sim, fica BEM diferente do trabalho do Schuiten...imagino que a modelo da hq seja a atual esposa do cara(foi casado com outra japonesa)...Boilet é intimista onde Schuiten é épico, fala de pouca coisa quando o outro fala de muita...cria uma hq francesa que se afasta da elaboração do desenho em função da transmissão da emoção, quando Schuiten a transmite pela via de sua muito intelectual elaboração...de uma complementaridade entre o épico e o inexplicável...Nada como comparar! Schuiten tem um outro colaborador de roteiro, Claude Renard. O que é que permanece semelhante, nos trabalhos que faz com os dois? O gosto pela experimentação! Para além de qualquer trama, a experimentação formal, narrativa, sempre está presente... Schuiten é um desenhista de mão cheia, que poderia ter se congelado no seu estilo... Permaneceria tendo público!!! Mas a cada livro continua inquieto...além de nunca ter querido criar um protagonista que voltasse, a solução de traço e a solução narrativa também mudam! As ilustrações do post de hoje vêm de " L´Enfant Penchée", " A Menina inclinada", um dos livros que Peeters mais aprecia ter feito, e imagino que Schuiten também...e que demonstra isso muito bem!! Nele, notamos como é que o espírito de colaboração é o norte que guia toda essa experimentação formal, nos trabalhos dos dois!!...A primeira pg é da narração "normal",preta e branca, que prevalece ao longo do livro todo, enquanto estamos vendo um dos universos nos quais se passa a hq...o outro universo é o "nosso" e tudo nele foi fotografado; há menos páginas assim, mas são muitas!! Os capítulos desenhados e os fotografados se alternam...Ao longo do livro vamos convivendo com esse contraste surrealista... O avanço da história, todavia surpreende mais!!! Faz com que as fronteiras se misturem, e a segunda pg presente no post de hoje é a que Peeters acha que mais e melhor mostra o espírito colaborativo dos trabalhos deles... pois os universos se penetram!!! As fotos ganham a arte final de Schuiten!!! A textura do mundo passa a ser ainda mais inédita que as estabelecidas ao longo do livro...e os colaboradores estão todos presentes!! Com efeito, o roteirista escreveu a cena; o fotógrafo a fotografou; o modelo ( um pintor, mesmo, amigo de Shuiten & Peeters) posou; e Schuiten fez a arte final!!! Tudo isso em torno da mão...para usar a bela frase do Octavio Aragão (título do livro dele)..."A mão que cria"!!! Sim, a síntese da narração é o instrumento que mais usamos para continuar transformando o mundo... aquilo que diversos desenhistas já me disseram ser dificílimo de retratar... o ponto nodal é complexo sim, amigos, cheio de dedos!!! Prometo que no próximo post essa conversa toda termina...

2 comentários:

  1. Vaeu Patati,
    mais um textinho gênio desses de tirar os cabelos!!
    Vou ler mais um pouco os diários pra trás,
    perdi o ritmo!!
    Depois conto pra vc como que foi..
    Abras!!!

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  2. Nossa, esse quadrinho da mão é muito forte,
    que coisa mais melancólica!!!
    abs!

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