quarta-feira, 12 de maio de 2010

Elogio do Frazetta

 O trem aqui era outro, esses dias, mas certos acontecimentos nos desviam dos percursos inicialmente plotados : no mundo real, afinal, as coisas afinal são mais ágeis do que a elaboração acerca delas. Não é que, meros dias depois de eu ter postado uma imagem do Frazetta aqui no Enquanto isso, ele faleceu? Sim, o leitor desse blog decerto sabe, mas não custa esclarecer: Frazetta era o mestre dos mestres da ilustração fantástica, o criador do paradigma de romantismo fantástico na ilustração popular. Barroco de massa. Infelizmente faleceu esses dias, aos 82 anos. Uma era terminou de passar. Com o sumiço de gente como ele, Joe Orlando, Dick Giordano, vai terminando de sumir todo um modo de pensar e sentir...o tempo em que quadrinhos eram entretenimento polular com apenas certos toques autorais, e seu mercado era bem maior. O alcance do trabalho de Frazetta extrapolou isso em muito, é claro. Aconteceu na década de sessenta e foi um dos índices dos tempos. Foi com ele que a fantasia heróica assumiu de uma vez seu lugar no mundo pop. Sua arte visionária codificou todo um pseudo-realismo, um onírico detalhado e sensual com músculos estilizados e sensualidade quase nua. Trouxe pras capas de gibis e revistas e publicações variadas uma noção de anatomia subvertida,uma imaginação ousada , criativa como poucas, e  tributária de todo um imaginário que o mccarthismo e o dr. Wertham teriam erradicado....Profissional de hq dos anos 50, Frazzetta nos anos 60 ampliou seu mercado de um modo estúpido,o que o livrou do destino esculachado de gigantes como Jack Kirby.  Fez capa de livro, de disco,  de filme, o diabo. Até o Clint Eastwood (Dirty Harry, acho) passou pelos seus pincéis, mas foi desenhado, não copiado!!! Até hoje tem gente imitando, e não vai deixar de haver...Mas não adianta, não tem pra Boris Vallejo nenhum! A base do trabalho de pintor de mestre Frazetta é  o tremendo desenho de mestre Frazetta,  sua insólita visão das coisas...  não gente parada, fotografada.  Frazetta terá usado quase nenhum modelo, e se usou anarquizou-lhes as anatomias e os figurinos de um tal jeito...Não há dúvida, seu trabalho parece realista mas traz é poderoso romantismo injetado, além de uma imaginação vitaminada já filha do pop, super-informada, por comparação ao que terá sido acessível a um Virgil Finlay (outro grande ilustrador , mais de FC que de fantasia, que atuou décadas antes). Eu pessoalmente gostaria que Frazetta tivesse feito mais quadrinhos, mas na época...Por outro lado, nem o grande Archie Goodwin tinha um texto à altura. Se na época se imprimisse hq com a qualidade de hoje, porém , dá pra imaginar o Conan que teria feito. Contudo, será que o caminho trilhado por ele e tantos outros, com resultados tão bacanas e também ruins (dependendo de quem e como fez) é o único, pra que haja uma hq bacana? Ou será que podemos ser românticos também acerca...do realismo? Bem, continua no próximo e emocionante episódio!!

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