domingo, 23 de maio de 2010

Mais considerações Frazéticas

 Não consegui escanear a imagem tão bem quanto queria, mas ela faz o serviço. Sei que já passou um tempo desde a triste notícia que trouxe esse tremendo artista popular para a atenção do Enquanto isso, o devezenquandário renitente. É que, como o leitor há de lembrar,venho discutindo presença do romantismo e do realismo nas hqs de aventura. Depois de um início de carreira bastante envolvido com hqs, Frazetta encontrou seu caminho de fato como ilustrador, um termo amplo , no qual cabem o pintor,o  capista de livro e disco, o cartazista de cinema, o diabo e mais um pouco. As capas que fez pra Warren, e logo depois as hoje famosas capas pra reedições de livros (sim, ele foi criado como personagem de folhetim) de Conan o Bárbaro nos anos 70,marcaram época. Atraíram legiões de fãs, no mundo das hqs apenas para começar, e influenciaram  muita gente, de um John Buscema a um Roger Dean. Passando até pelo Druillet  (segundo o próprio, nas antigas)!!! Como os desenhistas de hq imitaram suas figuras e figurinos! Claro, contudo, para além de quaisquer adereços, Frazetta tinha essa tremenda compreensão do corpo humano. Isso possibilitava tanto o óbvio,  a distorção declarada, como a sutil. Escolhi essa capa pro post de hoje porque ela ilustra ainda de um outro modo o diálogo do realismo com o romantismo. O camarada no quadro está tragicamente apavorado! Esse poder de "atuação", a expressividade de seus personagens, permanece inigualado. Acho que é a base por cima do qual o seu talento para atmosfera, cenografia e figurino, realizou seu imaginário épico, um paradigma do pop aventuresco. Mesmo se não estivessem lá os lobos que cercam o camarada, , a imagem ilustrando a conversa de hoje ainda seria capa assustadora. A maneira de desenhar e pintar o medo que o sujeito sente é mostrá-lo todo exagerado. Como " o mais apavorado possível". A carga emocional operática que seu trabalho tinha, aqui nesse caso, está voltada para mostrar a vulnerabilidade, a fraqueza do personagem . Nesse sentido, acho que aqui o conhecimento de como o medo transforma a pessoa (realismo) e de como pode fazer isso "ao máximo" se encontram com muita felicidade. É uma imagem mais realista porque, no fim de contas, ao menos por um momento, o assunto da pintura tem músculos como os do leitor..Quando falta o herói na imagem, Frazetta ainda é mais crível!!! Bem, por hoje é isso! Excelsior! Volte sempre! Eu volto logo!!

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